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Aberta exposição no Espaço Cultural Unifor com obras inéditas de Leonilson
15/03/2017 08:49 em Arte

Mostra acontece em nova área do Espaço Cultural Unifor e terá ainda o lançamento do catálogo raisonné com todas as obras do artista cearense, patrocinado pela Fundação Edson Queiroz e resultado de 24 anos de pesquisa

Truth fiction, 1990 bordado mecânico sobre linho 31,0 x 26,0 cm FOTO Rubens Chiri © Projeto Leonilson

Truth fiction, 1990 bordado mecânico sobre linho 31,0 x 26,0 cm. Crédito: Rubens Chiri © Projeto Leonilson

A Fundação Edson Queiroz apresentará, de 14 de março a 9 de julho de 2017, a exposição Leonilson: arquivo e memória vivos, no Espaço Cultural Unifor, localizado no campus da Universidade de Fortaleza. Organizada pelo Projeto Leonilson, mantido por familiares e amigos do artista cearense, e pela Fundação Edson Queiroz, a mostra, de cerca de 120 obras de José Leonilson Bezerra Dias, conta com generosa seleção de trabalhos do artista, incluindo obras inéditas. A curadoria é de Ricardo Resende, atual curador do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, do Rio de Janeiro, e a produção executiva da Base7 Projetos Culturais, de São Paulo, que tem reconhecida expertise na área museológica.

“A exposição ‘Leonilson: arquivo e memória vivos’ tem o diferencial de apresentar um grande número de obras inéditas e de traçar uma retrospectiva da trajetória do artista, reforçando o caráter pedagógico e de formação de público para as artes das mostras realizadas na Universidade de Fortaleza. Esta exposição vai ao encontro da publicação do catálogo raisonné de Leonilson, a primeira de um artista contemporâneo brasileiro, também realizada pela Fundação Edson Queiroz, no ano em que celebraríamos 60 anos do nascimento desse grande artista cearense”, destaca o Vice-reitor de Extensão da Unifor, professor Randal Pompeu.

Além do ineditismo de várias obras, a exposição vai inaugurar a ampliação do Espaço Cultural Unifor, que terá sua área acrescida em 600 m2, e terá ainda como atrativo especial o lançamento do catálogo raisonné de Leonilson, patrocinado pela Fundação Edson Queiroz e fruto de 24 anos de pesquisa. Editor do catálogo, Ricardo Resende informa que a publicação, de cerca de 1.000 páginas, distribuídas em três livros, reúne todas as obras de Leonilson, divididas em cerca de 3.500 registros catalográficos, constituindo-se no primeiro catálogo raisonné de artista contemporâneo do Brasil. “Por todos esses motivos, acredito que a exposição será um grande sucesso”, ressalta Ricardo Resende.

A exposição tem caráter retrospectivo. Segundo o curador Ricardo Resende, “a mostra não poderia deixar de trazer de forma generosa para o público os trabalhos inéditos e as ‘chaves’ para o que se considera a composição dessa obra expressa por meio dos signos que representam as emoções humanas, dos fragmentos da condição humana e dos dilemas do homem comum, traduzidos em palavras e números”.

Para esta exposição, a curadoria indicou obras de acervos de diversas instituições do Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará, como a Fundação Edson Queiroz e o Museu de Arte Contemporânea (MAC), do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, de Fortaleza, além de coleções de colecionadores particulares.

Perfil de Leonilson

O pintor, desenhista e escultor José Leonilson Bezerra Dias nasceu em Fortaleza, em 1957, e faleceu em São Paulo, em 1993. Em 1961, mudou-se com a família para São Paulo. Entre 1977 e 1980, cursou educação artística na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde foi aluno de Júlio Plaza e Nelson Leirner. Teve também aulas de aquarela com Dudi Maia Rosa na Escola de Artes Aster, que frequentou do final dos anos oitenta ao começo dos noventa.

Nesse último ano, em Madri, realizou sua primeira individual na galeria Casa do Brasil, tendo viajado para outras cidades da Europa. Em Milão, teve contato com Antônio Dias, que o apresentou ao crítico de arte ligado à transvanguarda italiana Achille Bonito Oliva. Em 1982, retornou ao Brasil.

A obra de Leonilson é predominantemente autobiográfica e está concentrada nos últimos dez anos de sua vida. Segundo a crítica Lisette Lagnado, cada peça realizada pelo artista é construída como uma carta para um diário íntimo. Em 1989, começou a fazer uso de costuras e bordados, que passam a ser recorrentes em sua produção.

“É no final de sua vida, nos anos 1990 a 1993, que sua obra se torna dilacerante e afiada como a ponta de um canivete, que acerta em cheio. Ao mesmo tempo que toca pela singeleza, delicadeza e simplicidade dos materiais utilizados, por outro lado fere como uma punhalada, com suas verdades incontestes nos desenhos, figuras e palavras. Trabalhos que expressam a ansiedade dolorosa ao deparar-se com a morte quando descobre-se doente em 1991”, salienta Ricardo Resende.

Seu último trabalho, uma instalação concebida para a Capela do Morumbi, em São Paulo, em 1993, tem sentido espiritual e alude à fragilidade da vida. Por essa mostra e por outra individual realizada no mesmo ano, recebeu, em 1994, homenagem póstuma e prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).

No mesmo ano de sua morte, familiares e amigos fundaram o Projeto Leonilson, com o objetivo de organizar os arquivos do artista e de pesquisar, catalogar e divulgar suas obras.

Participou das bienais de Paris, São Paulo e Istambul, e de muitas exposições coletivas, como as do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Mostras individuais na Pinacoteca de São Paulo, no Itaú Cultural e no Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Está no acervo dessas instituições e na Tate Modern, de Londres, no Museu de Arte de Houston, Centro Georges Pompidou, de Paris, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro e na Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza.

Sua obra é merecedora de dois livros publicados: “Leonilson: são tantas as verdades”, editado pelo SESI, e “Leonilson: use, é lindo, eu garanto”, com ilustrações que o artista realizou para a Folha de S.Paulo.

Clique aqui para acessar as imagens de divulgação.

Sobre a Fundação Edson Queiroz

Como poucas instituições no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, a Fundação Edson Queiroz construiu um amplo acervo de arte brasileira, sobretudo do século 20, com obras de artistas do porte de Lygia Clark, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, entre outros. A articulação entre a educação superior e as artes faz parte da essência da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), onde a comunidade acadêmica convive em harmonia com as artes visuais, o teatro, a música e a dança, por meio da realização de exposições e espetáculos e do apoio permanente a seus grupos de arte – Big Band, Camerata, Cia. de Dança, Coral, Grupo Mirante de Teatro, Orquestra Infantil de Sanfonas, Grupo Infantil de Flautas, Grupo Infantil de Violinos e Grupo Infantil de Piano. A Fundação mantém ainda a Biblioteca de Acervos Especiais, composta por livros raros adquiridos da coleção de Francisco Matarazzo Sobrinho, aberta à visitação pública sob agendamento.

Sobre o Espaço Cultural Unifor

Criado em 1988 e ampliado em 2004, o Espaço Cultural Unifor apresenta estrutura compatível à dos grandes salões de arte do mundo. O espaço, localizado no prédio da Reitoria da Universidade, com área de mais de 2 mil metros quadrados, já recebeu nomes de importância da arte internacional, como Rembrandt, Rubens e Miró, artistas brasileiros consagrados, como Antonio Bandeira, Candido Portinari, Beatriz Milhazes, Adriana Varejão e Hélio Oiticica, e novos talentos da arte cearense e nordestina. O ambiente reflete a figura do chanceler Airton Queiroz, presidente da Fundação Edson Queiroz, que parte da compreensão da capacidade que a arte detém de ampliar conhecimentos em todas as áreas do conhecimento. Por meio do Projeto Arte-Educação, estudantes de escolas públicas e particulares são guiados por monitores especialmente treinados, reforçando o caráter educativo da visitação.

SERVIÇO

Leonilson: arquivo e memória vivos
Visitação gratuita de 14 de março a 9 de julho de 2017
Horário de funcionamento: de terça a sexta, das 9h às 19h; sábados, das 10h às 18h; domingos, das 12h às 18h
Local: Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Bairro Edson Queiroz)
Mais informações: (85) 3477.3319 | espacocultural@unifor.br
85) 3477-3897 (85) 98822-0502

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