Offline
Concerto Sinfônico Literário abre 17ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto
31/05/2017 06:01 em Literatura

Evento tem abertura oficial no dia 3 de junho, às 19h, no Theatro Pedro II, e apresenta Concerto Sinfônico da USP-Filarmônica & Orquestra Jovem Acadêmica Alma. Com produções inéditas de compositores ribeirão-pretanos,concerto tem estreia mundial durante a feira, que é gratuita e aberta ao público. Ingressos são sujeitos à lotação do espaço

 

Ribeirão Preto (SP), 30 de maio de 2017 – No dia 3 de junho, às 19h, no Theatro Pedro II, acontece a abertura da 17ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto. A feira, que será totalmente gratuita e aberta ao público, tem início em grande estilo com o ConcertoMúsica Sinfônica Brasileira Inédita com Literatura Portuguesa Consagrada da USP-Filarmônica & Orquestra Jovem Acadêmica Alma (Academia Livre de Música e Artes). Um dos mais importantes eventos culturais da América Latina, a feira acontece de 4 a 11 de junho e traz uma programação diversificada com mais de 260 atividades, promovidas pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto em parceria com o Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura e Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e Usina Alta Mogiana.

“Homenageando a produção de escritores portugueses, com o poeta Fernando Pessoa em destaque, o espetáculo de abertura inova com obras lítero-musicais inéditas e compostas especialmente sob encomenda aos compositores ribeirão-pretanos, Rubens Russomanno Ricciardi, José Gustavo Julião de Camargo e Lucas Eduardo da Silva Galon”, explica a presidente da Fundação do Livro e Leitura, Adriana Silva (curadora da feira). O concerto também apresenta jovens cantores solistas ribeirão-pretanos ou radicados em Ribeirão Preto, alunos ou ex-alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto.

 

O diretor artístico e regente do concerto, Rubens Russomano Ricciardi, avalia que a Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto vem se consolidando há 17 edições como um dos principais eventos literários e envolvendo os mais diversos projetos editoriais no Brasil. É a primeira vez que a USP - Filarmônica (orquestra da USP-Ribeirão) participa da feira, numa parceria com o Projeto Alma. Para o regente abre-se um novo e fecundo caminho no qual literatura e música se encontram definitivamente - já que foi feito um trabalho autoral com a criação de composições para o espetáculo. “Obras literárias receberam versões vocal-sinfônicas inéditas numa unidade instigante entre poética literária e poética musical. A feira passa a ser também sede da música do aqui e agora, reunindo não só no concerto de abertura solistas cantores e músicos instrumentistas, mas valorizando artistas locais”.

 

O concerto marca a estreia mundial destas obras que serão apresentadas ao público. A produção inédita é inspirada na canção sinfônica brasileira de meados do século XX, que tem nas figuras de Claudio Santoro e Gilberto Mendes suas principais referências. Os dois cancionistas protagonistas são precursores da Bossa-Nova e se encontraram com poetas como Antonieta Dias de Moraes e Vinícius de Moraes, cuja obra resultante refuta a auto-proclamação de Richard Strauss como último cancionista sinfônico da história. Ricciardi ressalta que fontes primárias de Claudio Santoro e Gilberto Mendes integram as coleções do Centro de Memória das Artes da USP-Ribeirão, tornando-se objeto de pesquisa e divulgação do NAP-CIPEM (Núcleo de Pesquisa em Ciências da Performance em Música). “Estas versões inéditas de Gilberto Mendes e Claudio Santoro são também referências importantes para os compositores hoje atuantes em Ribeirão Preto”.


Segundo Lucas Galon, diretor artístico-pedagógico da Alma, a orquestra jovem acadêmica une-se à Filarmônica USP, celebrando mais um concerto, fruto do convênio entre as entidades, em ambiente propício à difusão da música atrelada à literatura. “Este convênio proporciona aos alunos o contato com o universo do ensino superior em música e especialmente neste concerto de abertura da Feira do Livro. O evento tão aclamado da cultura ribeirão-pretana permite que os alunos experimentem um ambiente fecundo, lidando diretamente com a arte contemporânea, uma vez que as obras são inéditas, de compositores locais, baseados em textos de poetas portugueses”.

Os ingressos para a abertura devem ser retirados na bilheteria do Theatro Pedro II, no dia do evento e estão sujeitos à lotação do espaço.

Sobre as composições e seus compositores:

Rubens Russomanno Ricciardi escolheu para sua composição Agora que sinto amor, um dos mais fortes poemas de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa - grande homenageado da Feira. As contradições na poesia de Alberto Caeiro formam a estrutura musical, marcada pela relação não menos contraditória de proximidade e distância com a filosofia de Nietzsche e a música de Wagner, entre romantismo dionisíaco lírico-sentimental e dramático, de um lado, e futurismo apolíneo técnico-científico, de outro. Os humores da poesia de Alberto Caeiro, num mundo da obra que oscila a cada verso entre o século XIX - do qual pretende se libertar por conta de seu suposto desequilíbrio, e seu século XX, que já pressupõe a superação em relação às amarras redutivas da tradição, são aqui revisitados num exercício de imaginação daquilo que seria a música do próprio Fernando Pessoa: o moderno que se finge romântico, sendo deveras romântico.

 

Agora que sinto amor
Tenho interesse no que cheira.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver

(Alberto Caeiro / Fernando Pessoa)

 

Lucas Eduardo da Silva Galon escolheu um clássico português como autor literário para sua composição musical: Luis de Camões e seu poema Busque Amor novas artes, novo engenho. A ideia de se atrelar às artes a condição de engenho fecundo remonta a Plínio Velho, ainda na Antiguidade Romana. O grande Camões, contudo, vai além. Entre contrastes e mudanças, coloca-se destemido em suas inovações - não obstante sua dor incontornável diante de algo maior que a própria invenção: o amor. O conflito insolúvel do amor marca a composição musical deste início do século XXI, num Camões revisitado, sempre já enaltecendo a atualidade da grande arte, mesmo aquela de séculos passados. Ou será que em nossos tempos sombrios já superamos até o mal do amor?

 

Busque Amor novas artes, novo engenho, 
para matar me, e novas esquivanças; 
que não pode tirar me as esperanças, 
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho! 
Vede que perigosas seguranças! 
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde 
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto 
um não sei quê, que nasce não sei onde, 
vem não sei como, e dói não sei porquê (Luis de Camões)

 

José Gustavo Julião de Camargo, em seu Venid a sospirar, compõe obra inédita para canto com orquestra tendo por base a tradicional melodia renascentista portuguesa do século XVI, oriunda do Cancioneiro de Elvas. A graça do poema erótico-amoroso camponês se traduz num feliz encontro de sonoridades luso-brasileiras de diversas épocas. Ritmos populares brasileiros se alternam à síncope renascentista portuguesa numa poli-estilística singular. Supera-se o espírito excludente, sectário e ensimesmado da velha vanguarda auto-proclamada, já há muito cansada e exaurida em sua aridez e pobreza de mundo, para se redescobrir, de mente aberta, o velho gênero da canção popular, abrindo-se novas possibilidades de poéticas musicais, cujo experimentalismo justamente consiste em revisitar a história, reavaliando os objetos de nosso passado numa perspectiva includente.

 

Venid a sospirar

al verde prado,
comigo Zagalejos

y vos pastores,
pues muero sin morir

de mal d'amores (poeta anônimo português do Cancioneiro de Elvas, século XVI)

(Texto complementar de autoria do diretor artístico Rubens Russomano Ricciardi).

 

PROGRAMA COMPLETO DO CONCERTO SINFÔNICO

Concerto de Abertura da 17a Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto

Música Sinfônica Brasileira Inédita com Literatura Portuguesa Consagrada

 

USP-Filarmônica & Orquestra Jovem Acadêmica Alma

Regência de Rubens Russomanno Ricciardi (professor titular do Departamento de Música da USP-Ribeirão)
Cantores: Janaína Lemos e Fernanda Brussi (sopranos), Priscila Cubero (mezzo-soprano), Felipe Rissatti (contratenor) e Camilo Calandrelli (barítono) - todos solistas aqui são alunos atuais ou ex-alunos formados pelo Departamento de Música da USP-Ribeirão

 

Gilberto Mendes (Santos, 1922-2016)

Peixes de Prata - 1955 - poema de Antonieta Dias de Moraes para Soprano Solista e Orquestra

Claudio Santoro (Manaus, 1919 - Brasília, 1989)
Acalanto da Rosa |1958 - poema de Vinícius de Moraes para Soprano Solista e Orquestra de Cordas (com Arranjo Proliferado e Orquestração de Rubens Russomanno Ricciardi)

Ouve o silêncio |1957 – poema de Vinícius de Moraes para Soprano Solista e Orquestra de Cordas (com Orquestração de Rubens Russomanno Ricciardi)

 

Rubens Russomanno Ricciardi (Ribeirão Preto, *1964)
Agora que sinto amor – 2017 – poema de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)
Para Soprano Solista e Orquestra de Cordas - estreia mundial

 

Lucas Eduardo da Silva Galon (Ribeirão Preto, *1980)

Busque Amor novas artes, novo engenho - 2017 - soneto de Luis de Camões
Para Barítono Solista e Orquestra – estreia mundial

José Gustavo Julião de Camargo (Vista Alegre do Alto, *1961)
Venid a sospirar – 2017 - canto renascentista português anônimo do século XVI (Cancioneiro de Elvas)
Para Contratenor Solista e Orquestra – estreia mundial

Fados portugueses tradicionais:
I) Haja o que houver | 2017
II) O Pastor | 2017
III) Canção do mar | - 2017
Arranjos proliferados e orquestrações de José Gustavo Julião de Camargo e Lucas Eduardo da Silva Galon para Soprano Solista e Orquestra – estreia mundial

 

Feira Nacional do Livro - Reconhecida como um dos principais eventos nacionais de literatura, a Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto traz em sua 17ª edição o tema "Do conhecimento que liberta ao amor que educa - o livro na escola". Com objetivos de crescimento e evolução, a diretoria da Fundação do Livro e Leitura espera que o evento tenha uma projeção ainda maior e que estimule a participação da comunidade regional. A expectativa dos organizadores é atrair mais de 200 mil participantes durante os oito dias de evento.

Neste ano, a feira promete muitas novidades em ampla programação, possibilitada pela força conjunta das grandes parcerias como com o Sesc, Sesi, Senac, Diretoria de Ensino, Universidades e entidades locais, além do apoio de empresas e organizações e da valorização cultural, o que consagra a grandiosidade do evento.

A 17ª Feira Nacional do Livro estará presente em 13 espaços simultâneos, onde serão realizadas mais de 260 atividades culturais, com a presença de 130 autores. Estão incluídos espaços já tradicionais da feira como Theatro Pedro II, Centro Cultural Palace, Biblioteca Altino Arantes, Biblioteca Padre Euclides, SESC,  Praça do Leitor (na Praça XV de Novembro), além de outras áreas como ACI Ribeirão Preto, Sede da OAB Ribeirão Preto, Shopping Iguatemi, Sincovarp, Teatro Marista, Tenda SESC (na Praça Carlos Gomes) e Palacete 1922.

Como em todos os anos, o evento presta homenagem a um país – e o escolhido foi Portugal, berço da Língua Portuguesa; o escritor principal é Fernando Pessoa - ícone da literatura portuguesa; autor educação escolhido é César Nunes; autor infantojuvenil é Ricardo Azevedo; autor local Rosa Maria de Britto Cosenza; patrono é o empresário e fundador do Sistema Coc, Chaim Zaher. Neste ano, há uma novidade: a modalidade de professor homenageado e o nome indicado é o de Maris Ester de Souza – professora da rede de ensino local.

 

Destaque
A Feira Nacional do Livro promove, pela primeira vez, a Conferência Internacional de Educação e Literatura que vai reunir autores do cenário mundial com trabalhos importantes sobre o assunto como Humberto Maturana do Chile, António Nóvoa e José Pacheco de Portugal e por videoconferência, Mauro Maldonato da Itália - com mediação presencial do escritor e crítico literário Manuel da Costa Pinto e ainda César Nunes - autor educação homenageado nesta edição.

 

Realização
O Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Usina Alta Mogiana e Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto apresentam a 17ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto com Patrocínio Ouro de Usina Alta MogianaPatrocínio Prata de Ambient, Savegnago Supermercado, Grupo Moreno e Gás Brasiliano. Patrocínio Bronze do Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto, Grupo Maubisa, Pedra Agroindustrial, Grupo São Francisco, Tonin Superatacado, Usina Vertente e Tereos. Patrocinadores: ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Banco do Brasil, Shopping Iguatemi Ribeirão Preto, Interunion, Mineração Jundu, Passalacqua, Sasazaki, Madeiranit. Instituição Cultural: SESC - Serviço Social do Comércio. Parceiros Culturais: CBL  (Câmara Brasileira do Livro), Fundação Dom Pedro II e Theatro Pedro II, Santa Helena, Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), Sesi ( Serviço Social da Indústria) e Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto). Apoio Cultural: Centro Universitário Barão de Mauá, Centro Universitário Moura Lacerda, Heurys Tecnologia, Livraria Cultura, Monreale Hotel - Ribeirão Preto, NW3 Comunicação, Verbo Nostro Comunicação Planejada, EPTV, Jornal A Cidade, Rádio CBN, G1, A Cidade On. Apoio: Secretaria Municipal da Cultura, Secretaria Municipal da Educação, Secretaria Municipal do Turismo, Secretaria Municipal de Assistência Social, Diretoria de Ensino Região de Ribeirão Preto, Câmara Municipal, Centro Cultural Palace, Rádio 79, TV Thathi, Biblioteca Altino Arantes e Fundação Educandário, Colégio Marista, Biblioteca Padre Euclides, OAB, Sincovarp, IPCCIC (Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais), Ribeirão Preto Film Comission, Atlântica Simbios, Amaeco, Recicla Bytes, Coderp, Daerp, Transerp, Corpo de Bombeiros, Guarda Civil Municipal, Polícia Militar, Usina São Martinho, Lotérica Galeria. Realização: Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Governo do Estado de São Paulo - Secretaria da Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal.

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!